as pela poeira e o sobe-desce da temperatura.
Por causa dessa localização, ocorre um fenômeno estranho: quando se respira normalmente não se sente cheiro algum. Mas, quando um odorqualquer existe no ar numa concentração relativamente alta, algumas poucas moléculas odoríferas podem alcançar a câmara. Diante dessa sensação ainda imprecisa, o cérebro ordena uma segunda aspiração mais forte — para provocar o que os cientistas chamam turbilhão de ar dentro do nariz, capaz de carregar as moléculas para a câmara olfativa. Tudo isso acontece num relance e sem que a pessoa se dê conta.
Na câmara, as moléculas são atraídas para a mucosa amarela formada pelas células olfativas, também chamadas de receptores. No lado externo, um receptor possui cílios microscópicos cobertos por uma fina camada de muco, no lado interno, ele se prolonga sob a forma de um nervo. Durante muito tempo, acreditou-se que os aromas eram reconhecidos graças a reações químicas entre as moléculas odoríferas e o muco. Tais reações seriam sentidas pelos cílios dos receptores, que as transformariam em estímulos nervosos.
Hoje se sabe que o processo não é químico, mas físico”, explica o professor Paulo Pontes. “Os receptores avaliam o peso e os prótons liberados pelas moléculas odoríferas e, a partir disso, engatilham um certo estímulo.” O muco, por sua vez, serve para proteger os receptores, e também para diluir e expulsar da câmara olfativa as moléculas do odor.
Os impulsos dos receptores são ondas elétricas que percorrem os nervos até o bulbo olfativo, uma estrutura logo abaixo da parte frontal do cérebro. O bulbo mantém uma espécie de linha direta com o sistema nervoso central: nele se dará a sinapse ou conexão com o cérebro. Até aí, tudo bem. Mas a ciência ainda fareja explicações para a questão de como o cérebro identifica um odor."
e Medicina, basta que apenas dez moléculas alcancem a câmara olfativa do nariz para que determinado odor seja sentido.
“Todo o processo”, ele explica, “não leva mais que um décimo de segundo.” Tamanha rapidez não significa que tudo seja simples. A olfação é tão complexa que só no século passado foram formuladas cerca de quarenta teorias diferentes a respeito de seu funcionamento. No século passado, também se acreditava que existiam aromas básicos, que formariam todos os odores conhecidos, da mesma maneira como as cores primárias compõem as demais cores. Se fosse assim, as moléculas de uma rosa dentro da câmara olfativa acionariam células receptoras especializadas em aromas florais. Mas como o dono do nariz saberia a diferença entre o perfume da rosa e o do jasmim? Hoje em dia, os cientistas pensam que um determinado odor seria reconhecido no cérebro pela combinação dos tipos de receptores que estimulariam, e pela quantidade e intensidade desses estímulos."
1 - O aroma da flor é feito de moléculas que se desprendem dela e chegam ao nariz suspensas no ar
2 - As moléculas são captadas por uma estrutura chamada bulbo olfativo e transformadas em sinais elétricos
3 - O cheiro é primeiro codificado em uma região nobre do cérebro, sede da linguagem, o córtex, de onde segue para estruturas primitivas, que comandam a memória
anto, se as moléculas aromáticas estão numa concentração alta, como quando o nariz se aproxima de uma flor, algumas delas flutuam até a câmara olfativa, uma cavidade pouco maior do que uma azeitona, situada na parte mais alta do nariz, atrás da região entre as duas sobrancelhas.
Diante do estímulo, o cérebro ordena automaticamente uma aspiração mais forte, que acaba levando mais moléculas perfumadas para a cavidade escondida.
Então, essas moléculas grudam no muco e encostam nos receptores que revestem toda a câmara.
Eles são prolongamentos dos neurônios que conduzem as mensagens do nariz até o cérebro."
O Sistema Olfativo e o paladar
O Paladar, o mais fino dos sentidos necessita do Sentido que dá Vida a tudo o Olfato.
"Dentro da boca, nada tem muito gosto, os alimentos são apenas doces, salgados, azedos ou amargos, de acordo com a análise da língua. Mas o cérebro reúne essas informações gustativas com as impressões do nariz e cria uma imensa gama de sabores. Eis o paladar".
.
moléculas são tragadas, narinas adentro, quando o bolo está prestes a ser mordido. Imediatamente, feito peças de quebra-cabeça, elas se encaixam nos receptores nervosos, situados na parte mais profunda do nariz — é neste exato instante que o ingrediente marrom-escuro começa a ser saboreado, embora pouca gente se dê conta disso. Em seguida, já dentro da boca, as partículas de 2,6-dimetilpirazina formam uma nuvem, invadindo pela segunda vez as fossas nasais, por um canal que faz a sua interligação com a garganta. Surge a certeza de quem degusta: o sabor é mesmo de chocolate. Sabor que, na verdade, é sobretudo um cheiro. Ninguém duvide, qualquer degustação começa no nariz. Apesar da fama, a boca é responsável por menos da metade daquilo que o sistema nervoso interpreta como paladar, o menos estudado dos cinco sentidos."
A importância do Sentido Olfativo para o degustar de um alimento.
"A perda de olfato, além de estar associada à depressão, pode levar à desnutrição. É lógico. O nariz é o grande responsável pelo apetite: qualquer pessoa, sem perceber, cheira melhor quanto mais perto da hora de comer, o que faz com que sinta o aroma da comida de longe. Quando isso acontece, o cérebro manda o estômago produzir sucos gástricos. As glândulas salivares, então, entram em ação: fica-se literalmente com água na boca.
Metade do sabor é cheiro. As papilas gustativas da língua, que sentem o gosto das coisas, identificam apenas quatro sabores básicos: amargo, azedo, doce e salgado. A diferença entre um pudim de leite e um copo de vinho, por exemplo, é dada pelo cheirode cada um. Afinal, uma pessoa cheira o ar quando aspira e quando expira. Quando se expira, o fluxo de ar, que passa pela garganta, capta moléculas odoríferas do alimento que está sendo mastigado. Essas moléculas alcançam assim a câmara olfativa; o cérebro, então, soma as informações das papilas gustativas com as do olfato e o resultado é o paladar. Por isso, quando se está gripado e a câmara olfativa fica cheia de muco, impedindo que as moléculas entrem em contato com os receptores, não se sente direito o gosto das coisas."
Ter Faro Fino é fundamental em certos trabalhos.
"Na indústria de bebida, existe gente que tira o ganha-pão do olfato. Os sommeliers, como são chamados os especialistas em vinhos, dependem do mesmo sentido. Apesar de a cor, a densidade e o sabor serem pistas fundamentais sobre a qualidade de um vinho, só mesmo o seu aroma é capaz de denunciar quando uma rolha defeituosa contaminou a bebida, algo que, segundo os especialistas, é mais comum do que se espera nos rótulos caros."
Sabores e odores, Alain Corbin, Companhia das Letras.
São Paulo, 1991.
Sabores e odores, Alain Corbin, Companhia das Letras.
São Paulo, 1991.
Fonte - Revista Superinteressante -
Imagens - Google.
Vera Lucia Guedes - IFPA
Tutora Penny Price Academy - Brasil
2 comentários:
Parabéns pelo artigo.
Excelente explicação .
Umas das melhores que já vi .
Postar um comentário